Manejo de Dejetos Suínos

Suinocultura é a criação e reprodução de suínos domésticos e um ramo da criação animal. São adaptáveis a diferentes tipos de criação: unidades intensivas comerciais, empreendimentos extensivos e comerciais e somente extensivos. Fonte rica de carne e gordura, com habilidade de converter diversos resíduos alimentares em carne e historicamente alimentados com resíduos e restos orgânicos. Os seguintes fatores influenciam no tipo de criação : Disponibilidade alimentar adequada; Capacidade de lidar com dejetos e resíduos da operação; Tradições locais incluindo religião; Raça disponível; Condições ou doenças locais que afetem crescimento e fecundidade; Requisitos locais incluindo zoneamento e leis governamentais; Condições e demandas do mercado local e global. Independente da forma de criação, todo suíno gera dejetos, impactando e poluindo o ambiente. Confira o manejo dos Dejetos Suínos aqui!


IMPACTOS DA SUINOCULTURA 


A Lei 6.938/81 dispõe a Política Nacional do Meio Ambiente, objetivando conservar e melhorar a qualidade ambiental e penalizando atos danosos ao ambiente. A quantidade e capacidade poluidora dos dejetos enquandra a suinocultura nesse molde, tornando-a insustentável ambientalmente.

Técnicas e processos que manejam dejetos minimizam os impactos ambientais. O manejo inadequado pode aumentar os prejuízos ao ambiente. Um assunto crescendo devido exigências de órgãos mundiais e da sociedade. O desenvolvimento de técnicos agrícolas e soluções adequadas ao manejo dos dejetos suínos compatíveis economicamente e operacionalmente são necessárias.

Os dejetos provocam e agravam problemas ambientais: contaminação do lençol freático, acumulação de elementos tóxicos, salinização, impermeabilização, desequilíbrio dos nutrientes no solo e contaminação das culturas. A proliferação de insetos e bactérias resistentes são devidos ao manejo inadequado dos dejetos. O impacto principal é a disposição sem tratamento do efluente nos cursos d’água, desequilibrando totalmente o ecossistema e contaminando com amônia, nitratos, etc.

Dejetos são fezes, urina, água desperdiçada pelos bebedouros, água de higienização, resíduos de ração, pelos, poeiras e outros materiais residuais da criação. As fezes constituem-se de esterco sólido ou pastoso, já o líquido  contém matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, manganês, ferro, zinco, cobre e elementos da dieta dos animais.

Existe também a poluição do tipo olfativa, devido à evaporação de compostos prejudiciais ao bem-estar humano e animal: amônia, metano, entre outros. Causam danos às vias respiratórias, formam de chuva ácida, contribuem para o aquecimento global.

Sugere-se desenvolver bases de dados dos nutrientes do esterco para orientar taxas de cargas, testar o solo rotinamente pra determinar aplicação de adubação baseadas no conteúdo de P e N do esterco. Medidas necessárias para utilizar o fertilizante obtido do tratamento dos dejetos.



PRODUÇÃO E MANEJO DE DEJETOS


Os sistemas de produção podem ser divididos em modelo intensivo e extensivo. 
Intensivo: suínos criados em confinamento em baias ou gaiolas e áreas relativamente pequenas, de acordo com tamanho da granja.

Dividi-se em 3 tipos:
a) criação ao ar livre - animais em piquetes;
b) criação tradicional - piquetes para machos e cobertura para fêmeas;
c) criação em confinamento - animais em um piso e cobertura, dividindo-os em fases por ciclo de vida.
d) Extensiva: suínos mantidos soltos no campo e uso de tecnologia baixa, criando os ciclos de vida juntos. 

Os modelos de produção podem divider-se em: 
a) Ciclo completo: abrange todas as fases de vida dos suínos, nascimento ao abate na mesma granja.
b) Produção de leitões: apenas a fase de reprodução: inseminação, gestação, parição e criação dos animais até desmame ou saída da creche.
c) Produção de terminados: somente fase de terminação, recebimento após creche até abate.
d) Produção de reprodutores: reprodutores machos e fêmeas, varrões e matrizes. 


CARGA e VOLUME de Dejetos

Estima-se em função do clima, escala de produção, nível tecnológico, etc. Necessário para um sistema eficiente, com custos controlados, armazenagem e tratamento adequado e disposição correta dos dejetos.
Utiliza-se um padrão para Unidades Produtoras de Leitões (UPL), Unidades Produtoras de Terminados (UPT) e Unidades Produtoras de Suínos em Ciclo Completo (UCC), já tabelados.
O mesmo vale para fezes, urina, água de limpeza, higiene e de perdas nos bebedouros. Dimensionando a concentração para cada caso específico das granjas.
Sistemas intensivos  produzem grandes quantidades de dejetos que necessitam de tratamento e destinação. Geralmente utiliza-se como fertilizante.



A seleção do sistema de manejo é baseado em fatores como potencial de poluição dos dejetos, mão de obra, área disponível, operacionalidade do sistema, legislação, confiabilidade e custos. Necessita-se do controle de doenças e parasitas, rotação de pastagens e tratamento dos dejetos. 


O manejo de dejetos pode ser feito por armazenamento e tratamento. 
Armazenagem: coloca-se o dejeto em depósito por determinado tempo, fermentando a biomassa e reduzindo patógenos.
Tratamento: conjunto de procedimentos para reaproveitar minizando riscos e poluição, e encaminhando nutrientes para agricultura.
A quantidade de nutrientes e dejetos, do local, operacionalização e recursos definem a escolha do processo, este deve atender a legislação ambiental vigente.


As principais técnicas de tratamento combinam processos físicos e biológicos. No processo físico, o dejeto passa por diversos processos até separar sólido de líquido. 
A separação das partes é feita por decantação, centrifugação, peneiramento e prensagem. A desidratação do líquido é feita por vento, ar forçado ou ar aquecido. A vantagem do tratamento físico é ao separar as partes sólida e líquida, minimiza custos de tratamento.
Já o tratamento biológico, utiliza-se microrganismos aeróbios e anaeróbios, tornando o material estável e isento de patógenos. A compostagem é utilizada na parte sólida, enquanto o líquido é encaminhando para lagoas de decantação. A vantagem destes é a maior e adequada utilização como fertilizantes, em diferentes realidades de propriedades, se enquadrando de forma melhor na legislação ambiental.


Outro tratamento biológico é a produção de biogás, utilizando o dejeto como energia, reduzindo custos. O liquido resultante pode ser utilizado como fertirrigação. Como tratamentos físicos e biológicos, temos:


* Lagoas de decantação - 3 tipos de lagoas: 1)anaeróbica: reduz patógenos; 2) facultativa: reduz nitrogênio; 3) aeróbica: reduzi nitrogênio e remove patógenos. Dejetos com a água reduz a carga orgânica através de bactérias e decantação em cada lagoa, sendo depositados no fundo e retirando impurezas.


* Esterqueiras - armazenam o volume dejetos para fermentação biológica.
* Bioesterqueiras - esterqueiras adaptadas, onde a retenção é maior e a câmara de renteção é um biodigestor.
* Biodigestores - câmaras fermentadoras anaeróbicas, produz biogás e biofertilizante.
* Compostagem - local de armazenamento e fermentador, resultando em material utilizado como adubo.
* Cama sobreposta - local onde os animais defecam, o sólido e líquido infiltra-se e fermenta, resultando em um compostos utilizado como adubo.

A compostagem de dejetos é uma alternativa para a produção intensiva, juntamente com a cama sobreposta, onde os princípios são os mesmos, somente com logística diferente. A cama sobreposta possui a vantagem de ser uma técnica utilizada no local de criação, aproveitando-se de adaptações para facilitar a operacionalização. O resultado final é um fertilizante orgânico e usa o conceito de prover ao animal a habilidade de selecionar e modificar seu próprio microambiente através de material para fazer ninho.


Existem atualmente uma variedade de formas, esquemas e tipos de gestão sendo utilizados na indústria. A cama possui em média 40 cm de profundidade e 2 m2 de área/suino. Materiais vão desde espigas, madeira triturada, casca de arroz, talos de plantas, serrapilheira, desde que possuem contenham 40% ou mais de água. Toda cama deve ser trocada a cada 3 anos. Paredes laterais de plástico, cobertas com tela de sombreamento no verão, janelas na parte superior do teto e corredor de concreto ao redor do perímetro. Podendo-se utilizar e misturar diversos tipos de cama. Adiciona-se restos de sujeira e sal para fornecer minerais e bactérias (fermentadadoras) para facilitar ou reduzir a fermentação. Excessos de esterco são enterrados na cama duas vezes semanalmente, os 5-10cm do topo revirados duas vezes a cada dois meses. Energia solar junto com aquecimento de água dentro das camas projundas mantém as temperaturas. Tempo de manejo varia conforme instalações e mão de obra 


 a) Oportunidades na produção de Cama sobreposta


O sistema de cama sobreposta oferece oportunidades comparadas ao sistema de confinamento intensivo tradicional, e são fundamentadas em 5 fatores básicos: performance animal, bem estar animal, problemas ambientais, opções de marketing e investimento inicial na instalação.


1. Performance animal: se bem planejado e manejado, demonstrou se não igual, performance superior comparada aos métodos tradicionais.
2. Bem estar animal: aumento da capacidade de se divertir e nível reduzido de comportamentos anti sociais comparados ao confinamento. Sistemas bem dimensionados entram de acordo com os 5 requisitos básicos da RSPCA (Royal Society for the Prevency of Cruelty to Animals) para um bem estar físico e mental animal.
3. Problemas ambientais:  pode alcançar e ultrapssar todos os critérios para um sistema de produção "sustentável". Com um processo de compostagem ativo nas sobrecamas, aumenta-se o valor do adubo e fertilizante final.
4. Opções de marketing: desenvolvimento de marketing especializado para os sistemas de sobrecamas. Opções como suinocultura sustentável, bem estar animal e qualidade da carne existem.
5. Investimento inicial na instalação: requisita significativamente investimento inicial menor do que sistemas de confinamento tradicionais.

b) Estruturas de arco tradicionais para terminados de suínos em cama sobreposta: instalações tradicionais de terminaçao, com tecido resistente a raios UV. São estruturas frias (sem aquecimento, com baixo consumo energético), onde animais mantém a temperatura cavando no material da cama. O material da cama é removido assim que  o grupo de animais é vendido. Baseado em ventilação natural em túnel. As principais desvantagens são os grupos de tamanho pequeno, redução na eficiencia alimentar em períodos frios, falta de controle na área de defecação e capacidade de gestão necessária para o sucesso. Para se otimizar a performance animal e bem estar, ao mesmo tempo diminuir utilização e gestão de cama, todo o sistema da instalação deve ser planejado e integrado para alcançar os requisitos especializados do sistema de produção em camas sobrepostas. 


c) Produção de suínos em cama sobrepostas em grandes baias: combina as vantagens da produção com palhada com avanços tecnológicos do sistema de confinamento. Resultando em um ambiente com ventilação natural controlada, incluindo sistema de estações múltiplas de alimentação seca e molhada para maximizar produção, minimiza uso de cama e evita limites do sistema de arco tradicional. 


O planejamento depende do tamanho da instalação, fluxo animal, configuração de currais e densidade de estoque. Considere a qualidade, integridade estrutural, adaptabilidade antes de considerar a renovação de qualquer prédio.


c1) Densidade animal: 1,4m2 por suíno.
c2) Layout: Divisas e divisores devem ser removidos no intuito de formar uma grande baia (1300 indivíduos), com feedback positivo da maioria da indústria.
c3) Utilização de espaço da baia: encoraja distintas posições para deitar e estrumar. 
c4) Design da instação: idealmente o máximo para facilitar limpeza e manobrabilidade das camas e equipamento de limpeza. Uma altura mínima de 3,7 m e 3,1 m de paredes laterais provê capacidade de ventilação e limpeza de camas.
c5) Sistema de alimentação e água: selecionar por maior bem estar e performance animal, facilidade de ajustar e operar, não necessite de fonte hídrica externa, e não esteja sujeita ao transbordamento. O animal deve manter uma postura natural, confortável ao comer numa superfície nivelada e estável. 


d) Manejo da Cama: é o fator determinante para sucesso ou fracasso em todos os sistemas de cama. Afeta performance animal, comportamento, saúde e qualidade do ambiente da instalação.


Atualmente há 2 categorias de sistemas de camas: camas de carbono (palha, espigas, papel, etc.) e camas arenosas. 

Os sistemas de camas de carbono possui 2 abordagens: adição continúa, usa pouco material inicialmente  mas fornece adições periódicas parar manter o ambiente. A alternativa é adição única, caracterizada por utilização de grande volume inicial de material antes da entrada dos suínos.


Na seleção de materiais da cama, fatores básicos devem ser considerados: absorbância, taxa de retenção/evaporação d'água, conteúdo de carbono, disponibilidade de carbono, estrutura, integridade estrutural, efeitos na saúde animal, sistema de manejo, disponibilidade de suprimento, e custo. Um plano de manejo combina material para melhorar características das camas, aumenta performance animal, reduz problemas de disponibilidade e custos.


 Sistemas de Lagoas de Tratamento e Separação de Sólidos e Líquidos são eficientes, mais intensivos e de custo mais elevado muitas vezes, devido a necessidade tecnológica de equipamento.


Os sistemas de tratamento de dejetos são classificados em diferentes tipos: 
Preliminar: remove partículas sólidas grosseiras. Exemplos de equipamentos: peneiras estáticas e vibratórias, caixas de areaia para remoção de sólidos sedimentáveis e caixas de separação de materiais insolúveis.
Primário: remove sólidos em suspensão. Exemplos: decantação primária, flotação, filtração ou precipitação química.

Secundário: remove sólidos dissolvidos, como matéria orgânica e sólidos finos. São processos biológicos, classificados em:
 a) Aeróbio - utilizando microrganismos que necessitam de oxigênio, fornecido por aeradores (mecânicos, de fundo ou superfície) ou circulação de líquido em meio filtrante.
 B) Anaeróbio - utilizando microrganismos que NÃO necessitam de oxigênio, geralmente em dejetos com alta carga orgânica. Exemplos: biodigestores, lagoas anaeróbias e fossa séptica.

Terciário: remove toda a matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e outros elementos. Para então drenar o efluente para rios, lagos, represas ou reutilização da água. Emprega-se filtros biológicos, lagoas de polimento, fitodepuração e carvão ativado.


 Inventário Tecnológico DE TRATAMENTO FÍSICO PRELIMINAR: Homogeinizador/Equalizador de Vazão, Peneira de Escova Rotativa, Peneira Estática, Peneira-Prensa, Conjunto Peneira-Prensa.


TRATAMENTO PRIMÁRIO: Decantador de Fluxo Ascendente, Equalizador/Decantador,Flotosedimentador Modular.


TRATAMENTO SECUNDÁRIO:Biodigestor com Gasômetro de PVC, Biogidestor Tubular Solar, Bioreator Anaeróbico Eco, Bio-409, Bioesterqueira, Deodorizer, Esterqueira, Composteira para Carcaças, Lagoa Anaeróbica Convencional, Lagoa de Alta Taxa de Degradação, Lagoa Anaeróbia de Alta Carga, Lagoa Facultativa, Lagoa Facultativa com Chicanas, Liquifier, Processo Biológico de Tratamento, Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente


   A escolha de sistemas de tratamento de dejetos se baseia nas instalações, quantidade produzida, operacionalidade, mão de obra e custos, onde diversos outros fatores influenciam de forma direta e indireta. O sistema de cama sobreposta destaca-se pela área utilizada, operacionalização, bem-estar, encaminhamento do produto final e custos teoricamente reduzido.


 Fontes:

https://www.redalyc.org/pdf/752/75241745007.pdf Produção, Tratamento e Uso dos Dejetos Suínos no Brasil Bárbara Françoise Cardoso, Graciela Cristine Oyamada,Carlos Magno da Silva


http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/anais0009_hill.pdf


https://thepigsite.com/articles/pigs-the-deeplitter-solution

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