#maranhão Banco de Sementes de Adubação Verde
ADUBAÇÃO VERDE
É uma prática antiga e simples, utilizada para aumentar a produtividade do solo. Isso acontece por meio da deposição de matéria orgânica (folhas, galhos e raízes), ou seja, a biomassa dos adubos ainda não decomposta.
Para ser considerado como adubo verde, a planta deve ser capaz de reciclar nutrientes em solos de baixa fertilidade, produzir bastante biomassa, possuir raízes profundas e ser tolerante a podas períodicas.
Benefícios:
1. reduz a compactação do solo;
2. proporciona nutrientes e disponibiliza os que já estão no solo;
3. aumenta a vida do solo;
4. abafa o mato e melhora a estrutura do solo;
Os dois grupos de adubos verdes são:
Adubo verde de Inverno: aveia preta, nabo forrageiro, ervilhaca, azevém, etc.
Adubo verde de Verão: mucuna, feijão de porco, crotalária, girassol, etc.
Podem ser usados em:
a) consórcio com a cultura principal, anual ou perene;
b) na entressafra e para recuperar a produtividade do solo;
c) intercalado ou em faixas na produção principal;
d) em áreas de pousio ou em sucessão.
Manejo da adubação verde
Recomenda-se ceifar o adubo verde no florescimento, antes de formar semente, assim fixará o máximo de nitrogênio no solo. Quando inoculados/peletizados podem fixar até 400 kg de nitrogênio/hectare, o que equivale a 1 tonelada de uréia.
Adubo verde trepador: cortar sempre que avançar na cultura principal.
Misturas: podem ser utilizadas diversas espécies, são excelentes na recuperação de solos. Para se obter o máximo de um coquetel/mix de adubadoras verdes, é importante saber suas características, por exemplo leguminosas são excelentes para reciclar/decompor nutrientes e produzir biomassa, gramíneas crescem bastante abafando o mato ao redor e sua palhada demora para decompor (o que protege o solo) e crucíferas possuem substâncias que controlam doenças do solo. A adubação pode ser feita com uma espécie e diferentes variedades, ou uma única espécie ou diversas espécies.
Coleta: deixar sempre um pequeno campo de sementes de adubo para colher para o próximo ano, evitando gastos.
É necessário saber o tempo para floração para fazer o corte e a densidade de sementes para a semeadura.
Adubos Verdes para o Nordeste
Amendoim forrageiro (Arachis pintoi), leguminosa perene;
Aveia (Avena sativa), gramínea de inverno;
Azevém (Lollium multiflorum), gramínea de inverno;
Capim marmelada (Brachiaria plantaginea), gramínea de verão;
Chocalho-de-cobra/xique-xique/Crotalária (Crotalaria juncea), leguminosa de verão;
Cudzu tropical (Pueraria phaseoloides), leguminosa;
Ervilhaca (Vicia sativa), leguminosa de inverno;
Feijão caupi (Vigna unguiculata), leguminosa de inverno;
Feijão de porco (Canavalia ensiformis), leguminosa de verão;
Feijão guandu anão (Cajanus cajan), arbórea leguminosa de verão;
Galactia (Galactia striata), leguminosa de inverno;
Girassol (Helianthus annuus), composta de verão;
Gliricídia (Gliricidia sepium), arbórea leguminosa;
Ingá (Inga edulis), arbórea leguminosa;
Jitirana (Ipomea aegyptia), trepadeira herbácea;
Labelabe (Dolichos lab-lab), leguminosa de verão;
Leucena (Leucaena leucocephala), arbórea leguminosa;
Milheto (Penissetum glaucum), gramínea de verão;
Mucuna preta (Mucuna pruriens) e cinza, leguminosa de verão;
Mulungu/Eritrina, arbórea leguminosa;
Nabo forrageiro (Raphanus sativus), crucífera de inverno;
Siratro (Macroptilium atropurpureum), leguminosa perene;
Sorgo (Sorghum bicolor), gramínea de verão;
Tremoço branco (Lupinus albus), leguminosa de inverno;
Trigo (triticum aestivum), gramínea de inverno.
BANCO DE SEMENTES
É como se fosse uma caderneta de poupança, onde o dinheiro é a própria semente e pode-se pegar empréstimos.
O Banco serve para armazenar as sementes em um local longe de adversidades e para usar em casos de emergência. Sempre que o agricultor precisar de sementes, seja por falta de dinheiro ou acesso, pode pegar emprestado uma quantia e terá que retornar uma quantia superior. Além disso, o banco mantém as características de cada cultura/espécie, suas adaptações à região, ou seja, a biodiversidade local.
Todo agricultor deveria ter seu próprio banco de sementes, mas não somente guardar um punhado de sementes, e sim quantidades suficientes de sementes para três anos de safra ou mais. Mesmo não que não tenha experimentado nenhum desastre, é muito útil ter o seu próprio banco de sementes.
Motivos para o Bancos de Sementes:
1. Pesquisa e experimentação;
2. Mudanças climáticas que afetam a o clima, gerando novas pestes e doenças;
3. Desastres naturais e doenças que possam acabar com uma culturas, safras e espécies;
4. Falta de tempo ou dinheiro para comprar sementes;
5. Escassez da variedade desejada, seja pelo fornecedor, devido ao clima ou simplesmente estar "fora de moda";
Iniciando o Banco de sementes:
- Quanto maior a quantidade de participantes, maior será a reserva do banco;
- As sementes devem ser de variedades de polinização aberta (VPA). Sementes de variedades híbridas estarão mortas quando forem utilizadas;
- Substituir as variedades híbridas por VPAs igualmente boas. Isso torna o agricultor que busca por VPAs independente das sementes de agropecuárias;
- Não utilizar sementes tratadas com fungicidas e pesticidas sintéticos. Também não utilizar sementes geneticamente modificadas (OGM);
- Só é necessário um espaço pequeno (como uma pequena caixa dentro do refrigerador).
Caso esteja ambicioso, um refrigerador horizontal dará conta das sementes. Um banco de sementes é planejado conforme as necessidades do agricultor, mas pode ser orientado para necessidades familiares, vizinhança ou até mesmo da comunidade.
Iniciado o projeto, busque e contate instituições agrícolas, sociais e outros bancos de sementes na região, como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, o Polo Sindical ou inclusive a Prefeitura Municipal, junto de outros agricultores, para verificar a disponibilidade e viabilidade de alguma estrutura física/local apropriado, e de outros recursos para o banco de sementes crioulas comunitário. Ademais a lista de parceiros e contatos, o grupo deve organizar e discutir o plantio, colheita, formação e gestão do banco.
Guardar sementes é uma tradição que ajuda a preservar a memória e a identidade locais, contribuindo para fortalecer a soberania alimentar.
A experiência para agricultores
Cada banco possui suas regras de funcionamento e o agricultor é o ator permanente nos processos. Pode-se distribuir uma quantidade (por exemplo 10 Kg) de sementes a cada agricultor-sócio no período que a chuva chega. Após a colheita, todos precisam devolver uma quantidade maior (ex: 15 Kg) para assegurar o estoque.
Caso o associado não devolva essa quantidade, porque a colheita foi pouca, negociam outro tipo de semente ou produto para comprar os grãos. O estoque do banco deve ser mantido e deve-se buscar formas para repô-lo. A troca de saberes, intercâmbios, feiras, encontros e diálogos entre agricultores é essencial para o aprendizado e na formação de redes de sementes.
Funcionamento dos Bancos de Sementes variam de banco para banco, o básico é:
a) Escolha das espécies (plantas vigorosas, produtivas, adaptadas à seca, que você se importa e as favoritas) a serem coletadas. Colher quando estiverem maduras;
b) Utilizar ferramentas de coleta de acordo com a planta (pinças, redes, conchas);
c) Realizar a colheita com ficha para armazenamento: localização, habitat natural da planta, suas características, solo em que estava, modo de cultivo, etc. Quanto mais informação, melhor;
d) Cada amostra recebe um número ou marcação;
e) Limpar as sementes de sujidades e impurezas;
f) Secar/retirar a umidade das sementes colhidas;
g) Armazenar as sementes em ambiente adequado (baixa luminosidade, umidade, temperatura e oxigênio, evitar contágio de pestes e doenças). Exemplo: garrafas plásticas com pimenta do reino moída, cinzas ou casca de laranja para evitar pragas. Nunca usar veneno. Colocar as garrafas em local fora do sol e ventilado.
A abertura das garrafas/potes/tambores só deve ser feita na hora de utilizar as sementes. O estoque deve ser mantido, deixando uma reserva para o banco, pois se vier pouca chuva, a safra pode se perder.
A gestão do banco é feita pelas pessoas da comunidade, pois cria e estimula a linguagem própria do local e a sensação do pertencimento. Trazer sementes de forma não adiantaria, por exemplo, pois não são adaptadas à região.
É fundamental o banco de sementes comunitário se articular com outros bancos e com a comunidade, participando em mutirões, beneficiamento, fundo rotativo, fortalecendo a iniciativa.
Armazenamento
Para armazenar as sementes (e suas informações) permanentemente o ideal é, após secar as sementes, utilizar vidro. Vasilhas ou garrafas de plástico são utilizados para armazenagem temporária. Dessecantes como sílica gel/sachê servem para remover a umidade e não são utilizados para armazenamento de longo prazo, pois pode reduzir a germinação da semente. Contudo podem ser utilizado para 1 ou 2 semanas de pré-secagem.
Etiquete as garrafas/tambores e guarde-os em local com temperatura amena e sombreado.
Estrutura
Tambores são usados para grãos maiores e garrafas para grãos menores. Estantes são necessárias para armazenar, e claro, pessoas para trocar informações, saberes e sementes.
Gestão
O diferencial do banco comunitário é reunir sementes que são raras. Espécies crioulas, adaptadas à região e consequentemente extremamente produtivas e muito provavelmente bonitas estéticamente, característica das espécies crioulas.
A formação de uma comissão com objetivo de promover a formação, experimentação e troca de saberes entre a rede do banco de sementes é fundamental para discutir questão relacionadas a formação, plantio, colheita e gestão dos bancos.
As ações do banco devem ser relacionadas a agroecologia e valorização de sementes localmente e entre municípios, inclusive bancos e redes de outros estados, com a participão e envolvimento dos agricultores (jovens, mulheres, homens, a família inteira), oficinas de formação, viagens, feiras e representação em espaços/feiras.
Fontes:
https://meioambiente.culturamix.com/noticias/como-funcionam-os-bancos-de-sementes
http://portalsemear.org.br/boaspraticas/banco-de-sementes-comunitario/
https://www.chelseagreen.com/2015/diy-seed-bank/
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