Sistema de Cultivo do Açaizeiro

Espécie de palmeira (Arecaceae) cultivada pelo fruto, palmito, folhas e caule (estipe) para diversas finalidades como alimento, suplementação, cosméticos, óleos, fibras, etc. A demanda global pelo fruto expandiu rapidamente na última década. Confira os detalhes do cultivo!


SISTEMA DE CULTIVO DO AÇAIZEIRO
 


Nativo da Amazônia brasileira, o açaizeiro tem o estado do Pará como principal centro de dispersão natural desta palmácea, que é adaptada às condições elevadas de temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar. O açaizeiro se destaca pela sua abundância e por produzir importante alimento para as populações locais, além de ser a principal fonte de matéria-prima para a agroindústria.


Dos frutos do açaizeiro é extraído o vinho, polpa ou simplesmente açaí. Com o açaí são fabricados sorvetes, licores, doces, néctares e geléias, podendo ser aproveitado, também, para a extração de corantes e antocianina.


O caroço, do qual a borra é utilizada na produção de cosméticos; as fibras em móveis, placas acústicas, xaxim, compensados, indústria automobilística, entre outros; os caroços limpos são utilizados na industrialização de produtos A4, como na torrefação de café, panificação, extração de óleo comestível, fitoterápicos e ração animal, além de uso na geração de vapor, carvão vegetal e adubo orgânico.


A polpa representa 15% e é aproveitada, de forma tradicional, no  consumo alimentar, sorvetes e outros produtos derivados.  



CONDIÇÕES DE CULTIVO: 

- Distribuição regular de chuvas, (índice pluviométrico anual entre 1.000 mm e 2.500 mm, com nítida estação de estiagem) necessita de irrigação.
- Umidade satisfatória no solo ou várzeas.


VARIEDADES, definidas por tamanho, coloração e produtividade:


- BRS Pai d’Égua (recomendada por serem plantas produtivas e menor peso de fruto, apresentaram maior produção de frutos na entressafra);
- BRS Pará;
- Açaí-branco, açai-roxo/comum, açaí-açu, açaí-chumbinho, açaí-tinga e açaí-sangue-de-boi. 



PROPAGAÇÃO:

- Sementes (mais rápida e eficiente);
- Seleção de plantas-matrizes para sementes: plantas com produção de frutos superior a 5 latas/touceira e com rendimento de 8L ou mais de polpa/lata com 14-15kg de frutos.
- Imersão em água a 40ºC por 20min;
- Sementes recalcitrantes, semear o quanto antes para não perderem vigor;
- Germinação em média de 30 dias. 



SELEÇÃO DE SEMENTES E MUDAS (segundo a Comissão Estadual de Sementes e Mudas do Pará)


- Apresentar altura uniforme, aspecto vigoroso, cor e folhagem harmônicas;
- Possuir, cinco folhas fisiologicamente ativas (maduras), pecíolos longos e as folhas mais velhas com folíolos separados. O coleto deve apresentar a espessura da base maior que a da extremidade das mudas;
- 4 a 8 meses de idade, a partir da emergência das plântulas;
- Altura de 40 a 60 cm, medidos a partir do colo da planta;
- Sistema radicular bem desenvolvido e ter suas extremidades aparadas quando ultrapassar o torrão;
- Isentas de pragas e moléstias (Regulamento da Defesa Sanitária Vegetal);
- Comercialização das mudas somente será permitida em torrões, acondicionadas em sacos de plástico, sanfonados e perfurados, ou equivalentes, com, no mínimo, 15 cm de largura e 25 cm de altura.


PLANTIO:

- 1kg de sementes = 600 sementes;
- Plantar 1000 sementes (1,7kg de sementes) por hectare, com espaçamento 5 x 5m (400 mudas/hectare);
- Espaçamento de 5 x 5 m para plantas sem perfilhos ou, 6 x 4 m com manejo de 3 a 4 estipes por touceira;
- Linhas de plantio no sentido nascente-poente;
- Covas de 40 x 40 x 40 cm;




ASSOCIAÇÃO/CONSÓRCIOS com outras culturas:


Espécies anuais:
caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.), milho (Zea mays L.) (e mandioca ou macaxeira) – durante o 1o ano.
Espécies semiperenes:
maracujazeiro (Passiflora edulis Sims.), bananeira (Musa spp.), mamoeiro (Carica papaya L.) e abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merril) – até o 3o ano.


Espécies perenes:
cupuaçuzeiro, cacaueiro (Theobroma cacao L.) e cafeeiro (Coffea spp.). Os arranjos espaciais das culturas consorciadas podem permitir o plantio de 20 a 25 essências florestais por hectare, contribuindo para recuperar, preservar e valorizar o ecossistema. As espécies consorciadas devem ter épocas diferentes de produção. Considerando a necessidade da geração de receitas, essas espécies deverão ter a sua produção distribuída durante todo o ano.   



CALAGEM:


Amostras de solo 90 dias antes do plantio para definição da calagem, com saturação por base de 60%;
Realizar calagem 2 meses antes do plantio.


ADUBAÇÃO, a cultura responde bem ao aumento de fertilizantes:


COVA: Adubação 200 g de superfosfato triplo ou 400 g de Arad mais 10 kg de cama de frango misturados com a terra mais escura tirada da superfície e distribuir no fundo da cova.
1º ano: 800 g de 13-11-21 + 10 kg de cama de frango + 30 g de bórax ou parcelar em 4 x 200 g de 13-11-21;
2º ano: 1 kg de 11-13-21 + 10 kg de cama de frango + 30 g de bórax ou parcelar em 4 x 250 g de 11-13-21;
3º ano: 1,5 kg de 13-11-21+ 10 kg de cama de frango + 30 g de bórax ou parcelar em 4 x 375 g de 13-11-21;
4º ano: 2 kg de 13-11-21 + 10 kg de cama de frango + 30 g de bórax ou parcelar em 4 x 500 g de 13-11-21;
5º ano: 2,5 kg de 13-11-21 + 30 kg de cama de frango + 30 g de bórax ou parcelar em 4 x 625 g de 11-13-21
6º ano em diante: manter a mesma adubação do ano anterior 4 x 625 g de 11-13-21.


MANEJO:


Fase inicial: coroamento/capina/roçagem baixa em torno das touceiras;
Cobertura viva: a partir do 1º ano, nas entrelinhas, plantas da família das leguminosas, resistentes a roçagem ou tombamento.
2º ano em diante: limpeza da área; raleamento da vegetação (retirar plantas sem interesse e que reduzem luminosidade); desbaste das touceiras (manter 3 estipes); manutenção do açaizal (retirada de plantas ou partes danificadas); obtenção de mudas. 



IRRIGAÇÃO:

- 0 a 1 ano 1: 40 Litros/touceira, tendo de 1 a 2 estipes/touceira;
- 2 e 3 anos: 60 Litros/touceira, tendo 2 a 3 estipes/touceira;
- A partir de 3 anos: 120 Litros/touceira, tendo 3 a 4 estipes/touceira.

PRAGAS:


- Pulgão-preto-do-coqueiro. Controle: Separar mudas sadias e retirar manualmente os insetos com pano umedecido.
- Mosca-branca. Sintomas: planta amarelada, debilitada e depois clorótica. Controle: mesmas propostas para o pulgão-preto.
- Formiga-saúva/tanajura. Sintomas: cortam folíolos no viveiro, desfolhamento parcial ou total. Controle: construir viveiro longe das matas ou destruir colônia de formigas.
- Bicudo/Broca-do-coqueiro. Sintomas: planta com porte reduzido, folhas curtas e amareladas, pecíolo bronzeado, redução do número de folhas, redução ou ausência de cachos, inflorescências abortadas, estipe com furos enegrecidos. Controle: uso de armadilhas de garrafa plástica com iscas.
- Cochonilha escama vírgula. Sintomas: fixa-se na nervura principal, planta com folhas amareladas e cloróticas.
- Gafanhoto do coqueiro/tucurão. Sintomas: redução no desenvolvimento da planta, atraso da fase produtiva. Controle: iscas rasteiras junto às palmeiras.
- Lagarta-verde-do-coqueiro. Sintomas: limbo foliar esgarçado, seco com cor amarronzada. Controle: retirada manual no viveiro.
- Brassolis/lagarta-das-folhas. Sintomas: folhas com somente nervura central dos folíolos e ráquila. Controle: verificar se nas colônias existem lagartas parasitadas pelo fungo Beauveria bassiana ou B. brongniartii, constatada por lagartas mortas e esbranquiçadas. Macerar estas lagartas em solução ou calda e pulverizar nas colônias.


COLHEITA:


- Produção de frutos com 3 a 4 anos de idade;
- Florescimento durante todos os meses, com pico em fevereiro e julho;
- Maturação do fruto em 5 a 6 meses;
- Produção por touceira dependente da fertilidade e umidade do solo, da luminosidade também;
- Frutos maduros possuem cor roxa-escura ou preto, sendo exceção o açaí-branco, com coloração verde.


Procedimentos de colheita: 
O
 colhedor escala o estipe com auxílio de uma peconha e corta o cacho.  O cacho é depositado no solo sobre lona ou toalha de plástico. Um escalador habilidoso é capaz de passar de um estipe para outro, em uma mesma touceira, sem descer ao solo, coletando, em função do peso, de 3 a 5 cachos em uma única escalada. Um bom escalador é capaz de colher de 150 a 200 kg de frutos numa jornada de trabalho de 6 horas. A Embrapa Amazônia Oriental testou, com sucesso, um equipamento na colheita de cachos de pupunheira.



PÓS-COLHEITA:


- Debulha sobre lona plástica ou em caixas plásticas/cestos de fibra vegetal;
- Seleção visual dos frutos de acordo com a coloração: Vitrin (roxo a verde-escura, não é próprio para colheita), Paró/Parau (cor roxo-escura intensa com brilho na casa, não é o ponto ideal de colheita) e Tuíra (cor roxo-escura intensa, recoberta com camada de pó branco-cinza, estágio adequado para colheita). E eliminação de frutos atacados por insetos, doenças ou animais e daqueles contaminados por material fecal de aves.

Armazenar em local exclusivo para estocagem do açaí. Ao final e início de safra, limpar o local;


PROCESSAMENTO:


- Fruto extremamente perecível, deve ser despolpado em 24h após colheita.
- Recepção dos frutos: pesar e encaminhar para o processo de seleção;
- Seleção visual e manual dos frutos em mesas com peneiras, cujas dimensões possam reter os frutos, deixando passar as impurezas menores, como os restos, terra, frutos chochos etc;
- Pré-lavagem:  imersos em água para a retirada das sujidades aderidas aos frutos;
- Amolecimento e lavagem: facilita processo de despolpamento. Água à temperatura ambiente ou 40ºC a 60ºC. O tempo varia de 10 a 60 minutos. A 3ª lavagem é com água clorada (20 ppm a 50 ppm de cloro ativo), por 20 a 40 minutos. A solução de cloro para a lavagem não deve ser utilizada para várias bateladas. Na 4ª lavagem, o excesso de cloro é retirado por por aspersão com água potável;
- Despolpamento e refino:  remoção da polpa do açaí, utilizando máquinas despolpadeiras/batedeiras, construídas em aço inoxidável, modelo vertical, que procede ao despolpamento de bateladas de frutos de açaizeiro com a adição de água. O processo tem início com a alimentação da batedeira com os frutos, acionamento das palhetas, cujo movimento circular proporciona atrito com os frutos, seguido da adição de água. O produto processado desce passando por uma peneira de malha fina, e o açaí é depositado em bacias de aço inoxidável. Os caroços e a borra são removidos pela abertura lateral. 
- A polpa extraída do açaí divide-se em tipo A (grosso) muito densa, tipo B (médio ou regular) densa, e tipo C (fino) pouco densa. O produto embalado é conduzido a um túnel de congelamento rápido, regulado a -40 ºC.



Fontes: 

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/676163/1/Folderacai.pdf

https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Producaodefrutos+Circ_tec_26_000gbz56rpu02wx5ok01dx9lcobm2bes.pdf


https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/125409/1/SISTEMA-PROD-4-ONLINE-.pdf


https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/204487/1/ComTec-317.pdf

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