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Sustentabilidade para Agricultura Familiar

A Agricultura Familiar representa 77% dos estabelecimentos rurais do país, sendo o maior responsável pela produção dos alimentos consumidos pelos brasileiros. A maioria das pessoas que sofrem de fome no mundo vive em áreas rurais de países em desenvolvimento, especialmente na África Subsaariana e no Sudeste Asiático. São agricultores familiares de subsistência, incluindo camponeses, pastores, pescadores de pequena escala, silvicultores, extrativistas, etc. São em torno de 500 milhões de propriedades no mundo inteiro, responsáveis por 50% a 80% do comércio in natura de alimentos. A agricultura familiar é composta de uma grande diversidade de combinações de uso e distribuição dos recursos: terra, trabalho e capital. Isso acontece em escala nacional, estadual, microrregional, municipal e inclusive nas comunidades rurais. Quer entender mais sobre sustentabilidade? Clica aqui!

 


A organização da produção familiar pode ser classificada por progresso tecnológico: produtores "modernos" e produtores que adotaram outras estratégias de desenvolvimento.


Para iniciar o processo ruma a sustentabilidade, devemos reconhecer as diferentes decisões produtivas da produção familiar para se obter um desenvolvimento eficaz e enfrentar problemas da organização interna das unidades produtivas e familiares.


A palavra sustentabilidade geralmente se refere à questões ambientais, mas é um conceito dinâmico e que considera as necessidades da população. Os princípios da sustentabilidade se baseiam em questões sociais, econômicas, políticas e ambientais (ou ecológicas).


Princípios da Sustentabilidade 


Econômica: problemas e transtornos econômicos não vêm necessariamente antes dos outros pilares da sustentabilidade, mas traz o transtorno social e impede a sustentabilidade ambiental. A introdução de novas técnicas de produção e modificações na relação de produção podem causar o início de mudanças estruturais na produção, resultando em transformação e novas combinações da pequena produção familiar, influenciando na sustentabilidade local de acordo com suas necessidades.


Social: é essencial pois é o motivo do desenvolvimento, sendo fundamental para evitar catástrofes ambientais. A sustentabilidade social pode ser atingida através de maior envolvimento da presença feminina (e da família e comunidade) nas tomadas de decisões e lidando com gestões locais. Vale lembrar que políticas agrícolas locais e a ação de cooperativas influenciam fortemente em questões sociais.


Ambiental: surge com a distribuição territorial de comunidades e suas atividades, onde a agricultura familiar é receptiva a esse padrão produtivo que não tolera desmatamentos, uso intensivo de água, esgotamento de solo e altas emissões de GEE (gases do efeito estufa). 40% da humanidade já se encontra em regime de estresse hídrico, e isso aumentará até 2050 devido aos eventos climáticos extremos.


Política: tem o papel de orientar a harmonização e equilibrio entre desenvolvimento e conservação da biodiversidade e da sociedade.


Programas


Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), possibilita a comercialização de produtos da agricultura familiar e a destinação à população que sofre de insegurança alimentar.


O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em conjunto da lei 11.947/09, dispõem de mais um meio de comercializar os produtos da agricultura familiar, onde as prefeituras municipais são obrigadas a comprar no mínimo 30% dos produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar, o Programa Garantia de Preços Mínimos para Agricultura Familiar (PGPM).


Junto ao governo federal pode-se estabelecer preços de compra para produtos da agricultura familiar levandoem conta a escala e os custos de produção, proporciando aos produtores de disputar o mercado com o agronegócio com condições mais justas.


 


Impactos


 


Existem impactos significativos a curto prazo (estresse) e efeitos destrutivos a longo prazo (choque), que podem ser irreversíveis, devido sua ação cumulativa. Alguns impactos de curto prazo aparecem por meio da erosão, salinização, contaminação ado solo e água, assim como preços declinantes de produtos.


Impactos de longo prazo são eventos imprevisíveis e momentâneos, como inundações, secas, elevação no preço dos insumos, novas pestes, etc.


Desenvolvimento Sustentável


São 4 critérios básicos:



  • Produtividade: simplesmente a produção de produtos, por unidade de insumo;

  • Estabilidade: é a manutenção ou aumento da produtividade no momento de perturbações e distúrbios que surgem;

  • Equidade: é a divisão da produtividade entre os envolvidos no sistema produtivo;

  • Sustentabilidade: é determinado pelo equilíbrio e a manutenção dos outros 3 fatores.


Buscar e criar novas tecnologias de produção, que aumentam a equidade e sustentabilidade, sem reduzir a produtividade, serve como base para o desenvolvimento sustentável.


A sustentabilidade depende do que é aceito como meio de produção, por exemplo: o uso de dejetos é considerado sustentável, mas o uso excessivo contamina o lençol freático.


A agricultura orgânica também é considerada sustentável, mas deixa de ser quando é monocultivo orgânico.



Órgãos, Instituições e Entidades


Servem de instrumento ou de meio para que algo seja conseguido, também tem o encargo de aplicar uma legislação. Neste caso, promovem a sustentabilidade. Por exemplo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) sugerem e estimulam a implementação da integração vertical, agricultura-pecuária, incentivo à rotação de culturas, controle integrado de pragas, maior utilização da adubação orgânica e utilização de sistemas agro-florestais, todas essas são práticas da Agricultura Regenerativa.


A agricultura familiar possui uma condição ótima para a sustentabilidade devido a ofato de incorporar estratégias de equilíbrio entre os fatores econômicos, sociais e ambientais, e que são apoiados por instituições e legislação. A propriedade familiar é definida como uma unidade de produção e consumo, e isso valoriza a diversidade, os policultivos, distribuídos de forma equilibrada no espaço e no tempo.


Modelos de Sustentabilidade


A agricultura que se integrada com a natureza e é modelo de sustentabilidade, foca em gestão da propriedade, relações biológicas (praga e predador) e utiliza os processos naturais, como a fixação de nitrogênio por adubação verde. Pode ser chamada de agricultura alternativa ou regenerativa e, são mais comuns e fáceis de utilizar em unidades de agricultura familiar.


Existem diversos modelos e práticas alternativos, considerados sustentáveis. Alguns exemplos são:



  • Agricultura ecológica;

  • Agricultura biodinâmica;

  • Agricultura natural;

  • Agricultura regenerativa;

  • Agricultura orgânica;

  • Agroecologia;

  • Pluriatividade;

  • Associativismo.


Também existem práticas de redução uso de insumos externos, e apresentam um grau de sustentabilidade mais avançado. Algumas são:



  • Compostagem;

  • Adubação verde;

  • Fertilização mineral;

  • Cultivo mínimo;

  • Intercalação de culturas;

  • Rotação de culturas;

  • Armadilhas e plantas atrativas;

  • Controle biológico;

  • Pesticidas derivados de plantas;

  • Agricultura integrada com a criação de animais;

  • Sistema de plantio direto (SPD);

  • Cobertura morta.


A sustentabilidade (social, econômica, ambiental e política) precisa de práticas dinâmicas, ao contrário do modelo atual e estático. O caminho para conservação e melhores padrões de vida devem ser abordados em longo prazo, orientados para a sustentabilidade, resultando no desenvolvimento sustentável.


 


Implementação


As práticas citadas e consideradas sustentáveis, geralmente são intensivas em trabalho em comparação as tecnologias convencias, e exigem maior conhecimento e experiência para sua utilização.


A sustentabilidade vai além de modelos e práticas alternativas, mas principalmente um conjunto de fatores que envolvem a sustentabilidade de atores locais (agricultores e a comunidade), e sua permanência na atividade. As práticas sustentáveis são apenas uma parte de todo o conjunto de fatores que envolvem a sustentabilidade do setor agrícola e familiar.


Algumas ONGs disseminam conhecimento em relação a práticas que trabalham e beneficiam recursos internos da propriedade ao invés de utilizarem recursos externos.


Envolver associações, sindicatos, cooperativas, instituições religiosas, pesquisadores, ativistas políticos e ambientalistas é um método participativo de desenvolvimento, onde a preocupação principal é a sobrevivência e permanência das atividades produtivas familiares, ou seja, a sustentabilidade a longo prazo.


A busca pela sustentabilidade requer mudanças biológicas e técnicas, e também mudanças sociais, econômicas e políticas. O foco principal é a segurança alimentar com a conservação dos recursos naturais, o que requer conhecimento dos agricultores, saber agronômico em conjunto de conhecimento sistêmico. Isso integra diversas partes de um agroecossistema.


Viabilidade


É resultante da capacidade de invenção e experiência dos agricultores e a adaptação no ambiente e no espaço em que se encontram.


Inventos e desenvolvimentos locais possibilitam o entendimento e gestão de manejos específicos de atividades, respeitando limites e os potenciais de cada produtor. São características fundamentais para explorar o contexto local, resultando novamente em desenvolvimento local e sustentável.


Devemos entender e trabalhar as diversidades da realidade dos produtores.


Participando e integrando os conhecimentos podemos alcançar formas de sustentabilidade na agricultura. Criar e desenvolver tecnologias adequadas ao local, de acordo com as especificidades dos ecossistemas e envolvendo as organizações (agentes) e agricultores (atores), criamos a relação entre saberes e mudança estratégica social e econômica, o que desenvolve condições básicas para a sustentabilidade da produção familiar, consequentemente o Desenvolvimento Sustentável.


A capacidade de conservar e aumentar a qualidade de vida dos agricultores é resultado da sustentabilidade de comunidades locais, garantindo recursos para as próximas gerações e para o meio ambiente.


Atividades e práticas adequadas aos tipos de solo e que focam em estimular e prolongar ciclos naturais atingem resultados futuros sustentáveis.


Considera-se melhoria:



  • Acesso à saúde;

  • Educação;

  • Lazer;

  • Informação;

  • Meios de transporte;

  • Disponibilidade de energia (para atividades produtivas e conforto dos agricultores);

  • Economia local e dinâmica, que possibilita melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.


E para adequar tecnologias locais, podemos utilizar tecnologias como: preparo do solo, uso de adubos e corretivos, irrigação, mecanização, tratos culturais, seleção de sementes, colheitas, agregação de valor aos produtos, orientados em obter econômicos positivos que se tornarão em resultados sociais sustentáveis.


A sustentabilidade dos agricultores depende da interação e colaboração entre os fatores ambiental, social, econômico e institucional, e também da adaptação das formas de organização produtivas que surgem ao longo do tempo.


Fontes


https://contrafbrasil.org.br/artigos/agricultura-familiar-a-favor-da-vida-do-meio-ambiente-da-sustentabilidade/


https://wp.ufpel.edu.br/leaa/projetos/ensino/agricultura-familiar-e-sustentabilidade/


https://eco21.eco.br/agricultura-familiar-e-sustentabilidade/


A Sustentabilidade na Agricultura Familiar e as Formas de Organição Produtivas em Contextos Locais. (Jaime Antonio Stoffel, Silvio Antonio Colognese, Roselaine Navarro Barrinha da Silva)


 


 

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