Sistema Agroflorestal - Cacauicultura | Parte 2
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O que podemos plantar no início do SAF?
Plantas anuais
> No início do SAF, quando ainda não há sombra, podemos plantar de tudo, todas as culturas de ciclo curto, as anuais, como: milho, feijão, mandioca, quiabo, feijão de corda, melancia, pepino, maxixe, abóbora, repolho, jiló e outras que quiser;
> Essas culturas servem para consumo da família, dar aos vizinhos, alimentar animais de criação e para venda em feiras e mercados do município, no PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e no PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
Dicas:
“As anuais podem ser colocadas para colocadas para amplia
nossa renda e também para ajudar no sustento da família”.
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“Depois do projeto muitos agricultores começaram a vender na feira de Piraí do Norte.
Muitas dessas áreas eram improdutivas. Hoje, muita gente está se alimentando da roça.
Dia de sábado, quem antes comprava esses produtos na feira,
hoje eles vendem na feira, para quem mora na cidade”.
Atenção: Com o plantio de anuais podemos ter a primeira renda do SAF com 60 ou 90 dias, com hortaliças, milho e feijão, por exemplo.
Plantas leguminosas
> No início do SAF também é importante plantar leguminosas para cobertura do solo, como andu, feijão de porco e pau de rato;
> O pau de rato é importante ter no SAF para servir de adubo, pode podar de 3 em 3 meses e botar no pé das plantas.
Dicas:
“A leguminosa é igualmente uréia, rica em nitrogênio.
O pau de rato chama minhoca, quando a gente corta e bota no pé de cacau”.
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“O pau de rato pode ser usado como cerca viva,
estaca viva e alimento para os animais”.
Como fazer o Arranjo?
Dicas:
“Arranjo é a escolha do que vai plantar no SAF.
Porque no SAF a gente vai arranjar as plantas,
arrumar como vai combinar cada uma na área”.
> A primeira coisa é escolher a principal cultura, no caso da APA do Pratigi é o cacau. A partir daí escolher plantas que se dão bem com o cacau para que ele produza o ano inteiro, como o cupuaçu, a banana e o abacate que sombreiam e dão frutos para aumentar a renda;
> Se quiser plantar culturas exigentes em sol no SAF, como graviola, urucum, cravo ou guaraná, devemos colocar ao redor (borda);
> É importante plantarmos nativas também, que podem ser usadas se houver necessidade de madeira para consumo e para deixar para alimentar os animais;
> Na distribuição das mudas devemos pensar como uma vai sombrear a outra quando crescer, para evitar abafamento causado pelo excesso de sombra.
Dicas:
“Quando montar o arranjo, na hora de escolher as plantas que irão entrar no SAF,
devemos colocar várias plantas diferentes para ter renda o ano todo.
Sempre pensando em como vai ficar a sombra, para não abafar as plantas”.
Como devemos preparar os berços?
Dicas:
“Antes chamávamos de cova,
mais como agora sabemos que cova é para coisas mortas,
vamos chamar de berço para colocar as sementes e mudas que são vivas”.
> Para abrir os berços podemos usar o enxadão ou a máquina perfuradora de solo;
> Para plantar a seringueira o berço tem de ser de 40 x 40 x 60 cm. Para as outras plantas como o cacau, cupuaçu e nativas pode ser de 40 x 40 x 40 cm;
> Para adubar o berço podemos usar uma mistura traçada de esterco com adubo: 1 litro e meio de esterco de aves ou 2 litros de esterco bovino, 150 gramas de termofosfato (encontrado para vender com nomes de Yoorin, Cibrafértil, Fospar, Yara entre outras marcas) e 1 quilo de pó de rocha. Repetir a adubação após 60 dias do plantio.
Atenção: É importante ter orientação técnica para recomendar a correção da acidez do solo e adubação.
Como devemos fazer o plantio?
> melhor período para plantar na APA do Partigi é entre os meses de junho e julho;
> Se puder usar hidrogel (produto que absorve e retém grande quantidade de água, mantendo a planta úmida em períodos secos), podemos plantar qualquer época do ano;
> Não devemos plantar na lua minguante, porque as plantas não se desenvolvem bem;
> Sempre colocar cobertura morta para manter a umidade da terra. Quando cortar a bananeira colocar nos pés das plantas, utilizar também o material que resulta da limpeza da roça.
Dicas do agricultor:
“A cobertura morta mantém a terra molhada
e atrai as minhocas, que vão ajudar o solo”.
Como devemos fazer a adubação de cobertura?
> Para adubar podemos usar uma mistura, traçando esterco com adubo: 700 gramas de esterco de aves, 30 gramas de termofosfato (Yoorin, Cibrafértil, Fospar, Yara, entre outras marcas) e 1 quilo de pó de rocha. Usar a mistura 2 vezes ao ano em cada planta (março e setembro);
> Devemos também usar biocalda:
— Uso no solo: misturar 1 litros de biocalda em cada litro de água;
— Uso nas folhas: Em plantas pequenas ou com folhas novas misturar 1 litro em 19 litros de água; Em plantas com folhas maduras misturar 2 litros em 18 litros de água;
— A aplicação pode ser feita com bomba costal ou motorizada, todo mês, dependendo da necessidade das plantas.
> A água da mandioca (manipueira) também serve para adubar. Podemos usar na quantidade de 1 litro de água + 1 litro de manipueira + 2 litros de biocalda e aplicar direto no solo.
Dicas do agricultor:
"O adubo orgânico, bem preparado,
é mais forte do que o químico e
com o tempo tem melhor efeito”.
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“Eu achava que sem o químico eu não teria resultado.
Mas, tinha medo de não dar certo.
Eu resolvi aplicar a biocalda que eu mesmo fiz.
Aplicava todos os 30 dias.
O cacau saiu até na raiz!
Eu aplico na folha e na terra. Tá dando certo”.
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“O adubo químico tem preço alto e a biocalda é barata,
mais tem que ter uma frequência de aplicação, para dar resultado”.
Ficha Técnica
Redação
Anacleto Ferreira da Silva
André da Silva
Antonio Carlos dos Santos
Arival dos Santos Mamédio
Erisvaldo Barbosa dos Santos
Francisca Antônia de Araújo
Jaime de Souza
Jaime Lourenço Silva
Jairo de Souza
Lourivaldo Grima dos Santos
Marivaldo Santos
Martinha da Conceição
Milton da Aleluia dos Santos
Sandro de Jesus Pereira
Valdete Ferreira do Nascimento
Waldemar de Oliveira Bahia
Edição
Ana Paula de Matos
José Eduardo Santos Mamédio
Erika Cotrim
Luciana de Oliveira Gaião
Organização
Esta cartilha foi organizada pela Organização de Conservação da Terra (OCT), a partir de uma oficina realizada com os Agricultores Multiplicadores de Agricultura Sustentável (AMAS).
Volney Fernandes – Diretor Executivo
Ana Paula de Matos – Líder da Pequena Empresa Conservação Produtiva
José Eduardo Santos Mamédio – Coordenador de Projeto
Luciana de Oliveira Gaião – Coordenadora de Campo
Thiago Guedes Viana – Coordenador de Projeto
Silvana Campos da Silva – Coordenadora da Organização Socioprodutiva
Amauri Souza Cruz – Coordenador de ATER
Poliana Oliveira Santos – Prestação de Contas
Camila de Jesus da Silva – Técnica em Agropecuária
Joeli Neres dos Santos – Técnico em Agropecuária
Erika Cotrim – Comunicação
Hércules Saar – Consultor
Salvador Dal Pozzo Trevizan – Colaborador
Bruna Sobral – Planejamento Socioambiental