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Sistemas de criação de Aves de Postura | Parte 1

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1 Informações Gerais


Galinhas poedeiras ou de postura possuem grande importância para a economia do Brasil, pois somos um dos maiores produtores mundiais de ovos de galinha. Apesar de não ser novidade na mesa dos brasileiros, o mercado do ovo vem encontrando novos nichos, como indústria alimentícia, mercado fitness, produção de vacinas e redes de fast food, de forma que na última década o consumo desse alimento aumentou cerca de 47%. Vale ressaltar que mais de 99% de todos os ovos produzidos suprem o mercado interno, mas há certa tendência de aumento nas demandas para o mercado externo.


O ovo possui elevado teor de proteínas e sua qualidade é influenciada por diferentes fatores, tais como: raça ou linhagem da galinha, instalações, nutrição, manejo e ambiente. Há uma grande tendência por criadores que prezam pelo bem estar animal, sendo esta, também, uma tendência do mercado.


 


2. Raças e Híbridos


> Existem diferentes raças e diferentes híbridos (marcas) de galinhas poedeiras, sendo recomendado a escolha de acordo com a estrutura, sistema de produção, condições climáticas e objetivos do produtor.


> A Embrapa preparou um material informativo completo sobre esse assunto. Clique aqui para acessar.


> Características importantes são: produção de cerca de 330 ovos até 80 semanas de idade; conversão de 1,4 (por dúzia); peso médio dos ovos de 60 g;


> Exemplo de híbridos mais utilizados em sistemas convencionais: Embrapa 031 (Marrom) – Nacional; Embrapa 011 (Branca) – Nacional; H&N Nick Chick (branca e marrom); Isa (branca e marrom); Hisex (branca e marrom); Lohmann (branca e marrom); Hy-Line (branca e marrom); Shaver (branca e marrom); Harco; e Tetra.


> Exemplo de híbridos indicados para sistemas de base ecológica: Embrapa 51


> Exemplo de raças indicadas para sistemas de base ecológica Rhode Island Red; Plymouth Rock (Carijó); New Hampshire.


> Pintainhas devem ser compradas: lotes de fornecedores certificados (garantia de saúde, segurança sanitária e produtividade). Sendo mais importante quando o foco é em criação de híbridos


 


3. Sistemas:


> Convencional (intensivo): aves confinadas dentro de galpões; elevada quantidade de aves no mesmo espaço; elevado grau de controle (nutricional e ambiental); maioria dos sistemas;


> De Base ecológica: integra bem-estar animal, sustentabilidade e sanidade animal; menor densidade de aves por área; aves não engaioladas (soltas em piquetes); geralmente sistema de menor porte; comum em unidades de agricultura familiar.


 


4. Definição do Local e instalações


> Antes de dar início e durante a estruturação, deve-se entrar em contato com: 


- Órgão de Defesa Ambiental: Fornece autorização para instalar o sistema;


- Defesa Sanitária: Registro do sistema;


- Vigilância Sanitária: Orientações sobre biossegurança.


Quadro 1. Densidade das galinhas, com ou sem rotação de piquetes (quando aplicável)



Fonte: Adaptado de Avila et al, 2017


> Instalações: Aviário ou galpão, piquete (sistemas ecológicos), local para armazenar ou confeccionar ração, armazenar ovos, banheiro e escritório;


> Escolha do local para construção das instalações: Condições climáticas favoráveis (grande importância); local alto, seco e ventilado; afastado de rodovias e setores industriais.


 


4.1 Aviário


> Pode-se aproveitar construção prévia;


Piso do aviário e ao redor dele: não podem acumular água;


Piso: Concreto ou chão batido (sistema de base ecológico);


Sistema convencional: piso de cimento ou similar que permita fácil limpeza, altura mínima de 2,8 m;


Cama de marvalha ou material similar.


 


4.2 Piquetes (Área externa) 


Em sistemas ecológicos;


Adequado: mínimo de 4 piquetes por galinheiro;


Cercas elétricas para divisórias internas;


Área não deve acumular água;


Deve haver locais com sombra;


Solo com gramíneas ou capins (sugestões: Estrela Africana, Amendoim Forrageiro, Coast Cross e Quicuio Verdadeiro);


Rotação é necessária: Vazio sanitário (combate a verminoses), recuperação da pastagem;


Realizar a rotação a cada 7 dias (rotação pode ser mais frequente se for necessário).


 


5. Equipamentos:


> Trocar equipamentos infantis para adultos;


Regular altura de acordo com crescimento; 


Realizar a limpeza nas fases iniciais: bebedouros 2 vezes/dia e comedouros 1 vez/dia;


Quadro 2: Equipamentos para alimentação e hidratação:



Fonte: Adaptado de Avila et al, 2017


> Silos: em sistemas intensivos para armazenamento de ração; ao lado do galpão;


> Ventiladores e exaustores: Posicionar para a mesma direção;


> Nebulizadores: associados à ventiladores – uso em dias quentes;


> Aquecedor: a gás ou a lenha (a fumaça é prejudicial, devendo ser direcionada para fora);


> Cortinas: controle de temperatura; de cor azul ou amarela; material: geralmente ráfia;


> Termo-higrômetro: Aferição de temperatura e umidade do ar;


> Ninhos: Manuais ou automáticos;


> Poleiro (sistemas semi-intensivos): geralmente de madeira, deve formar ângulo de 30-40° com a parede e piso; espaço: 15cm por ave;


> Balança;


> Gerador: em sistemas intensivos.


 



6. Manejo nas fases de Cria (1ª - 6ª semana) e Recria (7ª -18ª semana)


6.1 Recebimento das aves (pintainhas):


> Aviário deve estar pronto para funcionar ao receber as pintainhas;


> Densidade: 60 – 80 pintinhos/m2;


> Fornecimento de luz: 24h de luz no 1º dia e diminuir 2h de luz por dia (até atingir luz natural, que deverá ser mantida até a 10ª semana);


> Área de alojamento (círculo de proteção) deve estar entre 32 e 35°C, com fontes de água e ração disponibilizados;


> Aves devem ser mantidas próximas à fonte de aquecimento nos primeiros dias;


> Contenção do alojamento deve ser circular (sem cantos);


> É importante reparar o comportamento das pintainhas em relação à fonte de calor para ajustar quando necessário. Elas devem estar espalhadas uniformemente no círculo de proteção. (Se muito próximas do aquecedor: estão com frio; muito distantes: com calor; somente em canto: presença de corrente de ar);


> Abertura do círculo de proteção deve ser gradual: períodos frios a partir de 12 a 15 dias de idade e em períodos quentes em torno de 10 dias


> Debicagem (Sistema convencional): entre 7º e 10º dia; administrar medicamento coagulante; conferir temperatura do cauterizador; não debicar lotes com alterações na saúde;


> Dica: Pode-se forrar o chão do alojamento com três camadas de jornal, retirando uma camada por dia: estimula a alimentação e reaproveita ração;


> Sempre manter cama seca


 


6.2 Manejo das Frangas


> Realizar controle do peso das aves (entre 2ª a 40ª semanas de vida);


> Maturidade sexual: completa entre 17ª e 19ª semanas (iniciar programa de iluminação e postura);


> Programa de iluminação:


- Essencial para amadurecimento e funcionamento do sistema reprodutor


- Elaborado de acordo com: linhagem, idade e época do ano.


- Oferecer: 4,5 watts/m2


- Exposição diária: 16 horas (luz natural + artificial)


> Para sistemas intensivos (convencionais): 


- Redebicagem (Sistema convencional): ideal entre 10ª e 11ª semana.


> Para sistemas semi-intensivos (de base ecológica): 


- Acesso à piquete após 30° dia;


- Não permitir acesso ao piquete em dias chuvosos;


- Evitar acesso ao piquete com muito úmido (preservação da pastagem).


 


7. Manejo na Fase de Produção (19ª à 80ª semana)


> Fase do lote se inicia no dia que ocorre 5% de produção;


> Curva de produção: início 19ª semana, pico 28ª semana, em seguida, a produção média é atingida. Avaliar custo benefício para descarte do lote ou animal (observe o quadro abaixo);


Quadro 3: características de galinhas produtivas e não produtivas



Fonte: Adaptado de Avila et al, 2017


 



Fontes:


Raças e linhagens de galinhas para criações comerciais e alternativas no Brasil.<https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/961655/racas-e-linhagens-de-galinhas-para-criacoes-comerciais-e-alternativas-no-brasil >


Produção de ovos em sistemas de base ecológica <https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1081503/producao-de-ovos-em-sistemas-de-base-ecologica>


Avicultura. Técnico em Agropecuária UFRN <https://www.bibliotecaagptea.org.br/zootecnia/avicultura/livros/APOSTILA%20TECNICO%20EM%20AGROPECUARIA%20AVICULTURA%20E%20TEC.pdf>


Raças e linhagens de galinhas para criações comerciais e alternativas no Brasil. <https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/961655/racas-e-linhagens-de-galinhas-para-criacoes-comerciais-e-alternativas-no-brasil> 


 


 


 

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